A urgência da firmeza para a masculinidade
Uma característica fundamental da masculinidade vem se perdendo ao longo do tempo: a firmeza. A incapacidade de tomar decisões e de suportar situações difíceis trazem à tona a fragilidade e o fracasso de uma sociedade que, constantemente, quer descaracterizar o homem em sua essência.
“A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las” (Santo Agostinho).
Não são todos os que conhecem a história do capitão Schettino, que abandonou os passageiros do transatlântico Costa Concórdia depois de a embarcação se chocar com pedras numa ilha, na costa da Itália. Era a obrigação do capitão organizar o socorro na embarcação. Ele, ao contrário, abandonou o navio, deixando os passageiros e demais tripulantes à própria sorte, resultando em 34 mortes. O chefe da guarda costeira, quando o capitão já estava em terra, gritava, inconformado, diante do ato de covardia: “Volte a bordo, Schettino!”
Esse fato ilustra bem a realidade da masculinidade nos dias atuais: somos, em geral, pouco firmes e padecemos de uma covardia quase que estrutural. Pior que isso, perdemos a linha que distingue passividade e paciência. É como se parássemos no Getsêmani das nossas lutas e, acovardados, implorássemos ao Pai que afastasse esse cálice de nós. Não avançamos a um grau superior, como faz Nosso Senhor Jesus Cristo, na graça que extrai do humano o que tem de mais sublime e que resulta na convicta aceitação final da vontade de Deus, “mas que seja feita a Tua vontade” (cf. Mt 26,39).
O problema não está em experimentar na carne e no espírito os temores e aflições. Um grande homem é forjado na experiência e é mais profundo à medida que conhece e enfrenta os lugares mais sombrios de seu coração. O ponto central é a potência, a força motriz da masculinidade, que move ao enfrentamento e à coragem. É o que temos, ao longo do tempo, perdido, tornando-nos simulacros de homens: fracos, passivos, incapazes de ofertar a vida e orientar outros no caminho da santidade.
Quantos homens, como o capitão Schettino, permanecem passivos diante de situações cuja resolução e ordenação estão sob sua tutela, seja no trabalho, na família ou na sociedade. Quando nos abstemos de abraçar a responsabilidade diante das coisas, quando deixamos nossa potência masculina se travestir de passividade, abandonamos nossa vocação primeira, a de ser líder, provedor e protetor.
É uma crise gigantesca, problemática, e que compromete toda a estrutura da sociedade. Homens fracos tendem a formar outros homens ainda mais fracos.
Mas como romper com esse círculo vicioso e assumir aquilo que Deus nos convoca a viver?
Volte a bordo! Assuma as rédeas! Peça auxílio do Espírito Santo para vencer a frouxidão gerada por uma formação equivocada. E, o mais crucial, abrace a sua condição atual, seu agora, sua Cruz de hoje, por amor a Deus e a seu chamado. Por mais difíceis que sejam as situações que se apresentam, por mais impotente que se sinta, só há uma alternativa válida: escolher o altar, a oferta de Amor, a doação da sua vida, o esvaziar-se por Amor. O capitão que abandona o barco é um covarde, mas aquele que, assumindo sua limitação, acolhe seu chamado, descobre uma via sobrenatural, da graça. Eis nossa vocação!
Portanto, coragem! O pecado não é maior, a fraqueza não é o ponto final.
Dê um passo adiante!
Bravus, pela hombridade.
Estava precisando ler essas palavras! Que nosso Criador fortaleça o nosso ser para enfrentar a batalha da vida como verdadeiros homens e assim possamos cumprir a nossa vocação.