Como ser um pai biológico ou espiritual bem-sucedido?

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[…] o maior desafio que um homem pode enfrentar é — de longe! — educar bem os filhos. Sem medo de exagerar, podemos dizer que é o nosso sucesso ou fracasso nesta tarefa que constitui o nosso sucesso ou fracasso na vida” (James B. Stenson).

Educar bem os filhos! Eis a questão que preocupa todos os homens (ou ao menos deveria preocupar), pois somos chamados a viver a paternidade tanto em nível biológico quanto afetivo e espiritual. Não existe receita a ser seguida para ser um bom pai. Todo ser humano é único e muitas variáveis estão envolvidas no sucesso desse grande empreendimento: formar um filho para que se torne um indivíduo maduro, virtuoso e santo.

Avistemos a realidade familiar e veremos que dois filhos criados pelos mesmos pais se desenvolvem de uma formas distintas, apresentando características diferentes, com quedas e sucessos específicos. Por isso mesmo, não raramente, a paternidade gera grande angústia, porque exige um brusco movimento de negação de nós mesmos e de acolhimento do outro. O pai, apesar de o querer, não possui controle absoluto sobre todas as coisas. Ao final, diante das situações que ele não tem capacidade de enfrentar, só resta uma alternativa: confiar em Deus.

Isso ocorre constantemente e, muitas vezes, de maneira forçada, tendo em vista que a maioria de nós carece de exemplos sadios de paternidade que possam servir de norte e dirigir nossa ação.

Que tipo de homem seu filho vê em você?

Ser homem é algo que se aprende, principalmente, observando modelos. Não é à toa que diversas sociedades promovam ritos que atestem a passagem dos meninos para a vida adulta. Em determinada idade enfrentam provas  duríssimas que, em geral, são baseadas nas virtudes e nas características que um homem deve possuir para ser assim considerado socialmente. Apesar de, formalmente, não adotarmos entre nós a mesma prática, o menino torna-se homem à medida que observa os modelos de homem ao seu redor, sendo eles bons ou ruins. Fato é que nós mesmos, ao olharmos para a nossa própria formação, analisamos o peso que esses modelos masculinos tiveram sobre a constituição de nosso caráter: sofremos pelas fraquezas herdadas e somos gratos pelos bons exemplos.

Um questionamento que não deve, jamais, deixar a nossa consciência é: que tipo de pais estamos sendo, que modelo de masculinidade estamos deixando de herança aos nossos filhos? O homem é aquele do sofá, sempre diante da televisão, ou aquele participa das atividades do lar para que todos descansem juntos e partilhem a vida? Para o seu filho, o exemplo de homem que vai permanecer é aquele que não tem o domínio de si, que mergulha nos excessos (embriaguez, preguiça, gula, orgulho etc.), ou aquele que luta para que sobressaiam a temperança e a moderação? É aquele que sacrifica os demais em seu próprio favor ou o que se oferta, negando a si mesmo, pelo bem e salvação de todos? É o que está sempre ausente ou aquele que investe seu tempo e suas energias na vida familiar e compartilha, generosamente, aquilo que é com os filhos? Esses são apenas alguns dos pontos que você precisa ter em conta todos os dias. Tenha certeza: isto será primordial na constituição do caráter de seus filhos. O seu modelo, presente ou ausente, vai imprimir marcas definitivas, quer queira ou não.

O mesmo se aplica aos demais estados de vida, ou seja, que modelo de homem você, sacerdote, está deixando para seus fiéis? Que modelo de masculinidade você, religioso ou celibatário, transmite aos demais?

Você reconhece a sua responsabilidade?

Fundamentalmente, qualquer ser humano pode decidir o que vai ser dele — mentalmente e espiritualmente” (Viktor Frankl).

Aqueles que tiveram experiências negativas com o pai carregam marcas bastante fortes na própria vida. Os exemplos negativos são tão ou mais poderosos que os positivos. Assim, os vazios se manifestam quando nós mesmos temos de dar uma resposta como homens diante das situações da vida. Você não está sozinho nisso. Todos nós o enfrentamos, mesmo que em níveis diferentes.

Às vezes parece muito difícil se desvencilhar dessas amarras. No entanto, algo que você precisa ter em mente é o seguinte: é preciso crescer, é preciso ser homem e isto implica assumir a própria vida, esteja você pronto ou não. Você é responsável por suas escolhas, por suas conquistas e por suas falhas. É hora de parar de culpar o passado e imprimir uma razão forte, alicerçada na fé e amparada na graça, e fazer suas próprias escolhas. Sua santidade depende disso; sua vocação, sua família, seus filhos biológicos ou espirituais precisam de um homem maduro, que os conduza pelos caminhos da vida.

Caso tenha seu pai ainda vivo, peça para Deus a graça de perdoá-lo e faça tudo para honrá-lo e respeitá-lo. Cuide dele em suas necessidades, na sua velhice ou doença. Reze a Deus agradecendo o pai a quem você foi confiado e peça a graça de reconhecer em sua própria história a providência divina.

Reflita e faça um exercício sincero: para cada defeito que “acha” que seu pai tem (ou tinha) se esforce para elencar duas qualidades. Dessa maneira você perceberá que, no mistério de nossa humanidade, somos todos imperfeitos, fracos de débeis, principalmente se estivermos distantes da graça de Deus.

Espelhe-se nos verdadeiros modelos!   

A masculinidade é confirmada entre os pares, vendo outros homens viverem suas lutas, suas renúncias, seu amor à família e a Deus. Desse modo, devemos nos cercar fraternalmente de homens que possuam os mesmos valores e busquem os mesmos ideais.

No entanto, por melhor que sejam os modelos de homens que integram o seu círculo de amizades, nenhum deles será, de fato, um homem à altura daquilo que Deus projetou. Seus melhores amigos, aqueles que inspiram um desejo maior de buscar a autêntica masculinidade, serão justamente aqueles que apontarem para Nosso Senhor Jesus Cristo e, como complemento, para São José Castíssimo. Esses são os modelos, por excelência a serem seguidos. Depois deles, os santos homens que, em suas misérias, ofertaram a vida, dia após dia, para que a vontade de Deus se realizasse plenamente neles e através de suas decisões.

Do mesmo modo, permita que seus filhos, biológicos ou espirituais, não o tenham como único modelo, mas faça questão de ser uma simples seta, firme e coerente, que aponte para o Cristo, sublime modelo e fim último para cada homem. Assim, terá a certeza de ter alcançado o prêmio que todo verdadeiro pai mais anseia: a salvação de seus filhos.

 

Bravus,

pela hombridade.

 

Revisão: Daniel Volpato e Jean Bastardis


Referências:

Stenson, James B. Pais bem-sucedidos. São Paulo, Quadrante, 1997.

 

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