Oh, mundo! São José será tua pedra de tropeço (Parte II)

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Por Diego Amaya Vasquez, Chile*

Texto original em espanhol
Tradução por Bravus.

Por que São José caiu no esquecimento?

Entre as muitas causas, tal como a crise pós-conciliar ou mesmo o silêncio de São José nos Evangelhos, eu me aventuro por uma explicação um pouco mais complexa, mas que, seguramente, responde à questão de maneira mais apropriada: o desprezo a todo o edifício de virtudes que São José representa, em especial à masculinidade e virilidade cristãs.

No intuito de dar fundamento, serão apresentados alguns dos possíveis golpes que o mundo fez à figura do pai putativo de Jesus. Claramente não é possível abarcar, no espaço deste texto, todos os possíveis conflitos, mas tratarei dos mais significativos e evidentes:

São José, o escudo da virilidade do cristianismo

Evidentemente somos testemunhas de uma feminização exacerbada da sociedade, fenômeno que também permeia a Igreja, tanto na doutrina como na liturgia. Somos devastados por uma sociedade contaminada pela ideologia de gênero que vem destruindo os conceitos objetivos e reais na distinção entre os sexos masculino e feminino. É uma época em que se rechaça todo e qualquer tipo de objetividade afetiva e sexual: assim, por exemplo, se aplaude uma mulher ou um homem que se autodeclara feminista, mas se ataca aquele que é considerado machista; se resiste a tudo aquilo que sinaliza “firmeza”, mas, pelo contrário, se ama o que se percebe como “suave” ou “relaxado”. Assim, também presenciamos uma defesa exacerbada da homossexualidade, que tem desembocado, logicamente, em uma heterofobia, que ataca tudo aquilo que se define como absolutamente masculino.

São José, escudo da pureza da Igreja e do mistério cristão

Coisa que o mundo não pode suportar. A sociedade de hoje não pode aguentar que um homem seja senhor de si mesmo e guarda da virgindade de sua santa esposa. As pessoas têm por inconcebível que um homem se prive do lícito prazer do ato conjugal em favor de um fim sobrenatural. O mundo rechaça o tesouro da castidade de São José, que parece uma condição inalcançável e impossível, além de ser considerado um elemento repressivo à natureza humana que não merece senão uma liberdade desenfreada para os prazeres carnais.

São José, capitão do exército cristão

O espírito anárquico, proveniente de distintos movimentos sociais e filosóficos modernos e contemporâneos, se coloca em choque com a ordem e a hierarquia que se encarnam em São José.  Embora seu filho seja verdadeiro Deus e sua esposa uma santa rainha destinada, desde toda a eternidade, a gerar o Verbo, o Glorioso Patriarca é respeitado por eles e se reconhecem todas as suas prerrogativas próprias de um chefe do lar e cabeça da família. Cristo e seu plano não vem para destruir a ordem natural da família, mas sim para reafirmá-la e consagrá-la para sempre nesta Família de Nazaré.

São José, custódio do cavalheiro católico

A cultura de morte, encabeçada pelo movimento abortista, não se conjuga com uma “cultura josefina”. José, escutando e obedecendo os mandamentos divinos, realiza esforços sobrehumanos para manter com vida o Filho que se forma nas entranhas de Maria Santíssma, inclusive escapando da perseguição das autoridades de seu tempo manifestadas em Herodes. Hoje em dia, em que novos Herodes procuram novas leis e táticas para aprovar o infanticídio de tantas crianças no ventre materno, São José nos mostra que a verdadeira tarefa do homem é ser o “Custódio do Redentor” no ventre de Maria, ao mesmo tempo que salvaguarda de sua esposa a ponto de colocar em risco a própria vida em defesa de sua família:

Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise… José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. 15.Ali permaneceu até a morte de Herodes ” (Mt. 2, 13.15).

São José, varão do silêncio

Que foge de qualquer aplauso e vanglória. José somente cumpre com seu dever, se configura totalmente com a vontade divina. Em um mundo que se caracteriza pelo ruído ensurdecedor que nos impede de escutar a voz de Deus em nosso interior e com uma humanidade que somente busca o aplauso e a pompa supérflua, São José vem a ser o estandarte do trabalho silencioso e desinteressado, desse esforço amoroso e oblativo que deve caracterizar o núcleo familiar e conjugal. São José não se permite a si nenhuma felicitação ou descanso, não se habitua aos prêmios terrenos e à satisfação mundana, mas se contenta com o bem-estar de sua família e com o cumprimento de seu dever natural e sobrenatural.

São José, bandeira do pudor e da austeridade

É o homem que no sussurro da vida diária cumpre seus deveres terrenos com ânimo celestial. Consciente do grande valor familiar e de sua privacidade, não revela aquilo que deve ser mantido em segredo, um espírito tão contrário ao que estamos acostumados a observar nas redes sociais, onde se ventilam as mais secretas intimidades que colocam em risco a vida familiar e conjugal. E para coroar isso, apesar de seu Filho ser Deus verdadeiro, José vive a vida na simplicidade e no trabalho diário, que se materializam no oferecimento de dois pombos no tempo no dia da Purificação.

Não te esqueças de São José…

O sutil e comedido caminhar de São José pelos evangelhos não apequena sua capital importância na história da salvação. Já nos recordava muito bem Pio XI, dizendo: “onde é mais profundo o mistério, e mais espessa a noite que o cobre, onde é mais profundo o silêncio, é precisamente ali onde está a mais alta missão”.

Somente meditando a vida e a missão de São José todos nós poderemos encontrar continuamente nossa identidade, e somente voltando nosso pensamento ao pai de Jesus Cristo recuperaremos a essência de sermos cristãos.

Somente considerando quem é São José poderemos descobrir o que realmente devemos ser como cristãos. Arme-se com as armas da virtude e recorde que portar uma arma não faz de você um soldado, pois os guerreiros são forjados no campo de batalha. Não se compare mais aos modelos que o mundo te apresenta, mas esforce-se para ser um homem de verdade, um homem ao estilo de São José, um homem Bravus!

 

* Diego é licenciado em educação, com especialização em religião e moral católica. Estudante de teologia na Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, colabora nas cátedras de moral filosófica e direito canônico. Também assessora grupos ligados ao rito tridentino.

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